Mussuca: Símbolo de resistência

No início do século XIX a escravidão acabou sendo abolida no Brasil. No entanto, isso não foi realmente o fim de um período opressor que atingiu a população negra.

Já no começo do século XX, a elite brasileira era influenciada pelos ideais europeus. Dessa forma, boa parte acreditava na diferença entre os povos através da raça. Isso fazia com que essa mesma elite se julgasse superior.

Muitos apontavam a miscigenação do povo brasileiro como forma de atraso. Muito tempo se passou desde então, no entanto, algumas pessoas colocam os negros em situações similares as dessa época.

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Os quilombos e a resistência

Durante o período da escravidão, muitos afrodescendentes criaram resistências, dessa forma, surgiram os primeiros quilombos. No início eram conhecidos como locais que abrigavam grupos de escravos fugidos, entretanto, com o passar dos anos, o conceito de quilombo foi modificado.

O termo passou a englobar membros de movimentos abolicionistas e negros libertos que mantinham seus hábitos e costumes próprios. Ser um quilombola vai muito mais além da escravidão, é ser alguém que valoriza sua cultura e identidade negra.

Os quilombos no Brasil

No século XIX foram construídos vários quilombos por todo o país. Mesmo procurando áreas de difícil acesso para criarem suas comunidades, seus habitantes sempre foram perseguidos e punidos.

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O povoado Mussuca

O período da escravidão em Sergipe também foi marcado por muita resistência por parte dos negros. Dessa forma, vários quilombos foram instalados no território Sergipano.

Os escravos do estado de Sergipe, concentravam-se no meio das matas onde hoje encontra-se o povoado Mussuca, na cidade de Laranjeiras.

Nesse povoado existem mais de 500 famílias e no ano de 2006, a Mussuca recebeu a certificação de comunidade quilombola. Até hoje muitos moradores continuam trabalhando nas lavouras, como na época da escravidão.

Além disso, outros ganham a vida através da pesca, atividade que promove o sustento de muitas dessas famílias que lá residem.

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As tradições culturais

A Mussuca é considerada uma das comunidades mais importantes do estado, por ser repleta de manifestações culturais que valorizam seu passado.

Cada vez que uma criança nasce na Mussuca, o grupo de Samba de Pareia recebe a tarefa de homenagear a mãe e o bebê, através da dança. Além disso, faz parte da celebração, tomar ‘meladinho’ uma bebida feita com mel, canela, arruda, cebola e cachaça.

Falando em Samba de Pareia, é uma manifestação dançada aos pares. Antigamente eram homens e mulheres juntos, no entanto, com o tempo passou a ser executada somente pelas mulheres.

Outra manifestação importante é a Dança de São Gonçalo, formada por homens vestidos com roupas femininas. Reza a lenda que São Gonçalo tirava as mulheres da “vida fácil” através da dança e música. Dessa forma, os homens com vestes femininas representam as prostitutas. O Reisado e Samba de Coco também são manifestações culturais de extrema importância.

A história da Mussuca

Dizem que a palavra Mussuca faz alusão a um peixe chamado Mussum, encontrado pelos primeiros refugiados que chegaram ao local. Muitos dizem que as terras onde o quilombo está, foram doadas para uma escrava, por seu senhor, que a libertou antes de falecer.

Muitos fugitivos que iam para outros quilombos, pousavam na Mussuca e ali ficavam, inclusive aqueles que seguiam para os Palmares.

Por fim, a Mussuca é o maior quilombo do estado de Sergipe, repleto de cultura e de histórias que nos transportam para um período repleto de luta.




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