Saudades dos festejos juninos no “País do Forró”
“Pula a fogueira Iaiá,
Pula a fogueira, Ioiô.
Cuidado para não se queimar,
Olha que a fogueira
Já queimou o meu amor”.
Os versos simples e sem a malícia, das músicas juninas de Mário Zan, trazem saudades de um tempo que jamais voltará. Depois do Natal, São João e São Pedro são as festas populares mais familiares do Brasil. No Nordeste, nem se fala. O nordestino conta os dias para poder viver um mês inteiro de brincadeiras alegres e apropriado para comer diversas guloseimas típicas do período. Aliás, milho e coco entram firmes na composição básica do cardápio, composto por bolo de milho, cocada, pamonha, canjica, pipoca e, claro, o próprio milho, cozido ou assado. Mas não ficam de fora o arroz doce, pé-de-moleque, beiju e tapioca.
A origem das festas juninas remonta o Século XVIII e, segundo alguns pesquisadores, a França foi o seu berço. Os padres jesuítas trouxeram essa tradição para o Brasil, tendo a Região Nordeste tornado essas festas muito populares. A dança típica desses festejos, a quadrilha, surgiu nos bailes franceses, migrando os palácios para o campo. Na época da colonização do Brasil, foram trazidos para cá os vestidos cheios de adereços, os termos usados nos passos e a vinculação religiosa.
A pandemia impediu que as festas fossem apresentadas em 2020 e agora 2021, mas não custa lembrar da Rua São João, local que ao longo de mais de 1 século aconteceram apresentações de quadrilhas; a representação do casamento na roça; o desfile de carroças enfeitadas pela cidade e o forró: baile animado por um conjunto formado por quatro tocadores com seus respectivos instrumentos – triângulo, pandeiro, zabumba e sanfona.
Este ano, novamente, não vamos ter os festejos em Estância, com seus tradicionais “Barcos de Fogo” e “Guerra de Buscapés”, nem o “São João de Paz”, sem fogos de artifício, de Areia Branca; Não teremos a Sarandaia, a Festa do Mastro e Festa da Lama durante o São Pedro em Capela. Aracaju não terá seus tradicionais “Arraiás”, com apresentação de Quadrilhas, shows com sanfoneiros, nem os tradicionais “arrasta pé” nos espaços culturais Hilton Lopes, Seo Oscar, rua de São João e Forrocaju. Há alguns anos não temos mais a voz estridente de Clemilda, o resfolego do fole de Gerson Filho. Mas, como disse um dia o também saudoso Rogério, “Sergipe é o País do Forró”. Por fim, vamos aguardar que essa pandemia vá embora e traga de volta os festejos juninos que alegram tantos sergipanos.
“En avant tous!”